Forte de São Francisco de Chaves

Construção — Afonso VI (1658-1662) 

Estilo — Seiscentista 

Homologação — IGESPAR - MN (DL 28.536 de DG 66, de 22 de março de 1938)

O Forte de Nossa Senhora do Rosário, mais conhecido como Forte de São Francisco de Chaves, localiza-se na cidade de Chaves, freguesia de Santa Maria Maior (Chaves), concelho de Chaves, distrito de Vila Real, em Portugal.

Juntamente com o Forte de São Neutel, este forte, situado em posição dominante na colina da Pedisqueira, próximo ao rio Tâmega e à antiga ponte romana, tinha a missão de defender a cidade, na fronteira com a Galiza, durante a Guerra da Restauração.

 

História

Antecedentes

O forte tem origem no Convento Franciscano de Nossa Senhora do Rosário, erguido no início do século XVI, que lhe deu a designação. De acordo com uma escritura celebrada com Frei Rodrigo de Morais em 1446, o arquiteto Mestre Joanes de Cibrão foi responsável pela projeção da abóbada do convento.

O Forte de Nossa Senhora do Rosário

Durante a Guerra da Restauração da independência, reconheceu-se a importância da posição estratégica da cidade, próxima à fronteira. Para evitar que as colinas vizinhas fossem ocupadas por baterias de artilharia inimiga, essas posições foram fortificadas.

Na colina da Pedisqueira, onde estava o antigo convento franciscano, decidiu-se envolvê-lo com muralhas abaluartadas, transformando-o num forte. Os trabalhos foram realizados sob as ordens do Governador das Armas da Província de Trás-os-Montes, D. Rodrigo de Castro, conde de Mesquitela, entre 1658 e 1662. A defesa de Chaves foi complementada com a construção de novos panos de muralha ligando o forte aos antigos muros medievais, reforçados ou reconstruídos na ocasião, envolvendo os bairros que haviam se expandido para além dos muros medievais. A defesa foi estendida à antiga ponte romana sobre o Tâmega, cuja margem oposta também foi fortificada com a construção do Revelim da Madalena.

No início do século XIX, durante a Guerra Peninsular, Chaves e suas defesas não estavam em condições adequadas. Após vários confrontos com as tropas napoleônicas comandadas pelo General Soult, as tropas portuguesas, sob o comando do General Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, recuaram para pontos estratégicos, deixando a cidade com uma pequena guarnição sob o comando do Tenente-Coronel Pizarro. Essas forças, assim como a milícia que enfrentou o inimigo, foram aprisionadas e depois libertadas. O Forte de São Francisco foi utilizado como quartel-general pelos franceses e, nessa qualidade, foi alvo da contraofensiva do General Silveira, em março de 1809. Após seis dias de combates intensos, a guarnição francesa se rendeu e Chaves foi libertada.

O forte foi ainda cenário de lutas durante as Guerras Liberais e, em 1910, durante a Proclamação da República Portuguesa. Perdeu a sua função defensiva após abrigar, por quase setenta anos, o 10º Batalhão de Caçadores, entrando em processo de ruína.

 

Do Século XX aos Nossos Dias

O Forte de São Francisco foi classificado como Monumento Nacional pelo Decreto n.º 28.536, publicado em 22 de março de 1938.

A intervenção do poder público, através da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), iniciou-se em 1957, com a promoção de obras de conservação. Diversas etapas de consolidação, limpeza, desobstrução, reparação e reconstrução ocorreram nas décadas seguintes. Em 16 de janeiro de 1989, o forte foi cedido, a título precário, à Câmara Municipal de Chaves. Na segunda metade da década de 1970, as dependências do forte serviram como alojamento provisório para famílias retornadas das ex-colônias portuguesas na África.

Em 1994, o forte foi requalificado como uma unidade hoteleira, empreendimento promovido pela Sociedade Forte de São Francisco, Hotéis, Ldª, com projeto do arquiteto Pedro Jalles. O Forte de São Francisco Hotel, inaugurado em 19 de maio de 1997, está classificado com quatro estrelas e dispõe de cinquenta e oito quartos para os visitantes, além de bar e restaurante, court de ténis, piscina e sauna, entre outros serviços. No início de 2019, o hotel passou por um grande conjunto de obras de remodelação e decoração, acrescentando modernidade e conforto sem perder o seu contexto histórico.

 

Características

O forte apresenta uma planta simples no formato estrelado, com quatro baluartes nos vértices, no sistema Vauban. As muralhas, com espessura de um metro, variam entre quatro e vinte metros de altura e são revestidas em granito. O acesso principal é feito através de um portão no lado sul, por uma ponte levadiça sobre o fosso, atualmente aterrado. Existem acessos secundários pelo lado leste e pelo lado oeste, todos conduzindo, através de túneis, à Praça de Armas. Entre as edificações no interior do forte destaca-se a antiga Capela de São Francisco, que abrigou, até 1942, o túmulo de D. Afonso, primeiro duque de Bragança, e que se encontra restaurada e bem preservada.